sábado, 21 de abril de 2012

21 de Abril entre nós


Martírio de Tiradentes
Óleo sobre a tela de Francisco de Figueiredo (wikipédia)
(publiquei o mesmo texto nos meus dois blogs, afinal, é feriado...)

Antes da postagem propriamente dita, uma rápida explicação: no texto a seguir, refiro-me à Tiradentes como sendo um "herói republicano", obviamente sabendo que o movimento do qual participou, a "Incofidência Mineira", havia acontecido muito antes, e o enforcamento de Tiradentes ocorrera em 21 de Abril de 1792. Acontece que durante todo o período Imperial, a lembrança de Tiradentes sempre foi algo incômodo, e ele só passa a ser visto como "herói" com a proclamação da república.
Corroboram com esta afirmativa historiadores como Boris Fausto, que escreveu que "A proclamação da República favoreceu a projeção do movimento e a transformação da figura de Tiradentes em mártir republicano". O desconhecimento deste fato aparentemente impediu a publicação deste texto em um jornal da cidade. Uma pena...
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21 de Abril entre nós

Antes mesmo do advento da República com a consequente escolha de seus heróis, notadamente Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), e a posterior instituição do dia 21 de Abril como um feriado em homenagem a este mártir republicano, a data já era, para os moradores de São Carlos, um dia a ser lembrado.
Isso porque, lá no distante 21 de Abril de 1857, na Câmara Municipal de Araraquara, cujo presidente era o então tenente-coronel Antonio Carlos de Arruda Botelho, tomava-se conhecimento da autorização da Igreja para que nessas terras se construísse uma capela (que, diga-se de passagem, já ia em adiantada fase de construção) e se benzesse um cemitério, consideradas etapas primordiais para a existência legal de um novo centro urbano.
A autorização episcopal era dada em resposta ao pedido enviado pelo casal Jesuino José Soares de Arruda e Maria Gertrudes de Arruda, que alegaram na petição, como justificativa para a construção da capela o fato de, pela distância dos outros centros urbanos “ser-lhes sumamente difícil a recepção do Santíssimo Sacramento da Egreja”.
Assim, incumbiu-se Rodrigues Palhares de arregimentar pessoas que limpassem e cercassem os lugares designados para esses fins. Como a Capela já ia sendo construída desde o ano anterior no mesmo lugar onde hoje se encontra a Igreja Matriz, restava preparar o lugar para o cemitério, que se fez onde hoje é o largo de São Benedito.
A benção para a nascente Capela com a consequente realização da primeira missa deu-se em 27 de dezembro de 1857, sendo celebrada pelo vigário de Araraquara, padre Cypriano de Camargo. Apesar de seus primeiros passos, o povoado ainda mostrava sua total dependência em relação aos vizinhos.
No entanto, a nascente povoação caminharia a passos largos, a despeito de todas as dificuldades iniciais. Em 6 de julho de 1857, é criado por Antonio Roberto de Almeida, vice presidente da província de São Paulo em exercício, o Distrito de Paz (primeiro degrau de várias etapas que culminavam com a criação de uma cidade) e a sub delegacia de polícia. Assim, os pequenos problemas locais já não precisavam mais ser resolvidos em Araraquara.
Em uma rápida escalada, poucos anos depois, em 18 de Março de 1865, São Carlos do Pinhal (como era então o nome, que só depois reduziu-se e apequenou-se para São Carlos conquistava sua autonomia política em relação à Araraquara, atingindo a condição de Vila (condição equivalente a de Município), e tendo formada a primeira Câmara de vereadores local. Por fim, atingiríamos a condição de Cidade em 21 de Abril de 1880.
Assim é que, para nós, o dia 21 de Abril era cheio de significados e lembranças, até ter somada a estas lembranças a homenagem feita ao herói republicano.

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