sábado, 31 de março de 2012

O Homem do Cavalo Branco

   Continuando a divulgar um pouco de nossas histórias, reproduzo aqui um conto que era muito difundido oralmente em tempos passados. O texto é reprodução integral da versão que se encontra na página oficial da prefeitura de São Carlos:

O Homem do Cavalo Branco
Relato de João Mário Mendel: Conta-se que na época da colonização São Carlos e região contavam com a ação de um personagem lendário que podemos descrever como "Robin Wood" local da época. Dizem que era odiado por muitos, no entanto amado e respeitado por tantos outros, principalmente pelas mulheres. Aliás, possuia muitas aqui e ali. Como consequência disso, muitos filhos que talvez hoje, já velhos, ainda não saibam quem foi seu pai.
Era uma andante foragido da policia, por isso gostava de andar disfarçado. Numa situação, inclusive, para não ser reconhecido vestiu-se de mulher. A policia jamais conseguiu captura-lo, até mesmo porque ninguém atirava melhor do que ele, sem dizer que possuia uma personalidade dominadora, onde o tom de voz e olhar firme fazi todo mundo ficar com medo.
O Homem do Cavalo Branco era assim conhecido devido a cor do seu cavalo preferido. Andava sempre com seus capangas fazendo "negócios". O estilo dele não era de todo o mau, porque defendia os colonos alemães que por muitas vezes encontrava-se indefesos numa terra estranha, onde eram perseguidos em algumas situações. Gostava muito de crianças, tanto que em suas andanças sempre caregava consigo um saco contendo balas que eram distribuidas as crianças sempre que ele as encontrava.
A Fama do homem do Cavalo Branco se espalhou até Erechim, de onde vieram alguns homens valentes dispostos a enfrenta-lo. Sentados no restaurante do Hotel conversavam animadamente sobre a façanha que aqui realizariam, se gabando o tempo todo. Mal sabiam eles que o homem sentado na mesa ao lado e que ouvia a conversa tratava-se do sujeito que estava a caça.
As mulheres que trabalhavam na cozinha a esta altura já encontravam-se aterrorizadas, prevendo um tragédia. Ficaram mais incrédulas ainda quando o Homem do Cavalo Branco entrou na cozinha e tranquilamente pediu a elas que esquentassem um panelão de sopa. Da cozinha ouvia-se barulho alto de risos e conversas dos forasteiros, quando o Homem do cavalo Branco perguntou, carregando o panelão:
- Vocês querem saber quem é o Homem do Cavalo Branco?
E derramando a sopa sobre a cabeça do líder do grupo, falou calmamente:
- Eu sou o Homem do Cavalo Branco!
O Pobre homem apavorado e boquiaberto, todo ensopado, ainda conseguiu balbuciar:
- Mas.... você é um homem bom!!...
E assim como era de praxe, calçou todos no revolver, mandou que tirassem as roupas, embarcassem no "29" e contam que nunca mais apareceram por estas paragens.
Comenta-se que o Homem do Cavalo Branco veio da cidade de Getulio Vargas e foi para lá que voltou, de onde ouviu-se dizer que a policia jamais conseguiu pegá-lo, e apesar da vida chia de aventuras e perigos, viveu mais de 100 anos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

As muitas faces do Gregório

   A partir dessa postagem, pretendo divulgar um pouco mais de um outro lado da nossa cidade, ou seja, além de sua história, também a sua cultura.
   Uma das primeiras postagens deste blog é sobre este obscuro personagem da história da cidade chamado Gregório. Também acabo de postar algo sobre ele no meu blog do São Carlos Agora. Mas nada ou quase nada falei ainda sobre o rio que recebeu este nome.
   Para corrigir esta falha, coloco algumas fotos antigas do rio, do acervo da Fundação Pró-Memória, e, na sequencia, uma poesia de autoria de Marco Antonio Leite Brandão, o popular Marco Bala, que tem muitos trabalhos de inestimável valor escritos sobre a cidade.


lavadeiras no córrego do Gregório (1950)


trabalhadores no córrego Gregório (1974)

Gregório de mil faces
De mil origens
De mil caminhos
Gregório posseiro?
Ancião negro?
Agregado de Botelho
Ou de Oliveira?
Gregório córrego-espelho
Da memória e da história
De São Carlos
Do olhar atento do Alonso
Quantas lágrimas de tristeza
E de alegria acolheste?
Quantos amores e desamores
Arderam em tuas curvas
Hoje retas como capa de livro?
Autor: Marco Antonio Leite Brandão

Essas imagens e poema e muitas outras coisas interessantes estão em um belo blog, cujo link é:

sábado, 17 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

Releituras


   É fato que todo processo de transformação de uma pessoa qualquer (famosa ou completamente obscura) em um ícone pressupõe que se elimine da sua biografia quaisquer sinais de contradições, falhas morais e etc. A transformação de um ser de carne e osso em ícone requer, portanto, a sua desumanização.
   Isso foi muito característico durante o predomínio do método de análise histórica denominado de “positivismo”, que entre outras coisas dedicava-se aos estudos dos grandes feitos, das grandes figuras. Isso foi muito marcante também na historiografia local, que, diga-se de passagem, dentro desses parâmetros estabelecidos pelo positivismo, foi muito bem feita.
   Mas o tempo e o progresso nas metodologias trouxeram uma mudança de enfoque necessária aos estudos históricos, e os alvos passaram a ser outros (estruturas, pessoas “comuns”, tempos da história, variando sempre de acordo a tradição historiográfica a que pertence o historiador). Ficaram, no entanto, os trabalhos feitos em outro momento histórico, com retratos e análises dos “grandes homens” que já não correspondem mais ao avanço da historiografia.
   É necessária, a meu ver, uma releitura desses mesmos personagens, libertando-os da toga imaginária da perfeição de que foram revestidos, aproximando-os das figuras reais que foram. Esse blog é uma tentativa de mostrar um pouco deste lados das pessoas aqui retratadas.
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segue uma foto antiga do Teatro São Carlos

sábado, 10 de março de 2012

Uma carruagem de 150 anos

   O texto a seguir é parte integrante dos livros da "Coleção Nossa História", editada pela EDUFSCar e pela Imprensa Oficial, coleção que teve como estopim a comemoração de 150 anos da fundação oficial da cidade, em 2007.
"Uma carruagem de 150 anos detém-se à minha porta, inicia sua longa viagem e se perde nas brumas do passado. É como uma máquina do tempo e nós, passageiros de uma era atribulada e confusa, nos espantamos quando o cocheiro estaciona e anuncia solene: "Eis a Vila de São Carlos".
As linhas acima parecem talhadas para servir de epígrafe a esta Coleção Nossa História, que a Imprensa Ofiacial ora publica em conjunto com a Editora Universidade Federal de São Carlos. Mas foram escritas por Eduardo Kebbe, em crônica publicada pelo jornal são-carlense O Diário, em 1972...
... É toda uma miríade de histórias, desde os remotos tempos da vila de São Carlos dos Pinhais, que esta coleção descortina..."
Hubert Alquéres
Diretor Presidente
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo


   A coleção é realmente uma obra prima, de grande valor tanto pelo conteúdo reproduzido, fonte quase inesgotável para novas pesquisas, quanto pela própria conservação e propagação desse material.
   Para a escrita deste post tenho em mãos "O Jardim Público de S. Carlos do Pinhal" do professor Ary Pinto das Neves, figura boníssima, sobre quem ainda quero ter o prazer de estudar mais. O livro me foi presenteado por um amigo que teve a honra da convivência pessoal com o professor Ary.
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A foto a seguir mostra a Estação Ferroviária em uma época um pouco diferente da que foi fotografada no logotipo deste blog!
Vista da Estação e o bonde em 1918

sábado, 3 de março de 2012

Benvindo, o homem das pombas

   Acabo de ler Crônicas e Histórias de São Carlos e outras localidade, de Nicola Gonçalves, e me deparei com um texto que me fez lembrar de quando a praça Coronel Sales fazia juz ao apelido carinhoso de Praça das Pombas. Reproduzo parte do texto que se encontra na pág. 62 do livro citado.

O Popular Benvindo,
O Homem das Pombas
   Patrimônio de todos nós que amamos os seres viventes, Benvindo simboliza o amor devotado às pombas da Praça Coronel Sales e por elas também amado, numa amizade recíproca dividida às crianças que ali comparecem para admirá-las.
   As aves compreende-no, elas adoram o assobio mágico que as fazem aproximarem-se para comer o milho distribuído entre todas. Algumas até comem nas mãos de Benvindo, denotando uma convivência amigável entre o ser humano e essas aves, mesmo porque ele as trata com amor e carinho...

   Outros tempos...

MEUS LIVROS

   Acaba de sair uma antologia (Cronicidades) da qual fazem parte 50 autores (eu entre eles) que participaram de um concurso realizado pela editora INCULT. Deste concurso selecionou-se esses 50 autores e publicou-se duas crônicas cada. Ficou muito legal.
Cronicidades

   Também publiquei a tempos atrás o livro Banditismo como contestação social: o caso Leonardo Pareja. É, com algumas variações, a minha monografia do curso de História, onde pesquisei durante um bom tempo os feitos deste Leonardo Pareja.
Banditismo...
Ambos estão disponíveis para compra em: http://www.clubedeautores.com.br/