terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Uma outra História


  Uma outra versão para a cena narrada na postagem anterior é a de Bento de Abreu Sampaio Vidal, que é a seguinte:

        "A velha imagem de São Carlos, ouvi do Conde do Pinhal (Antônio Carlos) foi transportado da capela da fazenda "Pinhal" sôbre um tabuleiro na cabeça de um preto, que veio a pé, em um dia de muita chuva. existe ainda em nossa catedral".

 Segundo as palavras de Theodorico de Camargo aí temos um exemplo frisante, a mostrar a grande precariedade da chamada "tradição de família", que pode ser alterada facilmente, conforme os caprichos e conveniências dos que dela se valem.

sábado, 28 de janeiro de 2012

As Histórias que nos contam...

Escudo de armas do Conde do Pinhal (fonte: Wikipédia)
  
  Tradicionalmente a fundação da capela está diretamente relacionada ao ato da fundação oficial de uma cidade. Assim, aqueles que queriam aparecer para a História como fundadores, empenhavam-se de corpo e alma na tarefa de "construir um passado" relacionado com a construção da capela. É assim que aconteceu também em São Carlos. Hoje veremos uma das versões que existem sobre o momento em que a família Arruda Botelho doou a imagem de S. Carlos (o santo de devoção da família) para a capela. Essa versão foi escrita por Bruno Pereira Bueno, neto do Conde do Pinhal, para a Revista do Arquivo Municipal, Vol XLIII, ano de 1938.

  "E é por isso que numa clara manhã do ano de 1857, aquela estranha comitiva se dirigia solenemente para o local situado entre os córregos do Gregório e Tijuco Preto.
  Acima das cabeças respeitosamente descobertas, a imagem de S. Carlos Borromeu, trazida do oratório da fazenda, oscilava a cada passo desencontrado de seus portadores. Sob as varas do pesado andor, sustentando-o e conduzindo-o, estavam os ombros robustos dos irmãos Arruda Botelho".

  Na próxima postagem, veremos uma outra versão totalmente diferente sobre esse mesmo momento histórico...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Carlos do Pinhal ou Princesa do Oeste?

imagem da atual igreja matriz da cidade
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   O nome da cidade de São Carlos deve-se principalmente à devoção que a família Arruda Botelho tinha por esse santo católico. Foram eles que doaram a imagem do santo para a capela recém construída, que segundo a tradição (contestada por historiadores contemporâneos) marca a fundação da cidade.
   Inicialmente a cidade chamava-se São Carlos do Pinhal, em referência à Sesmaria do Pinhal, de propriedade da família Arruda Botelho. A cidade passou a chamar-se apenas São Carlos em 1908.
   Conhecida hoje como a "Capital da Tecnologia", São Carlos foi, em seus primórdios a "Princesa do Oeste", graças a riqueza e prosperidade que vinha das lavouras de café.
PS: Na próxima postagem, veremos diferentes versões sobre o modo como a imagem doada pela família Arruda Botelho foi levada para a capela.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Roubo Milionário


Um dos maiores roubos sofridos por um cidadão morador de São Carlos aconteceu em 1901. Antonio Carlos de Arruda Botelho (o Conde do Pinhal) fazia o que seria sua última viagem de negócios: ia para o Rio de Janeiro com um empregado de confiança chamado Bulti Natali: levava 297:000$000 réis em dinheiro e, na baldeação do trem em Taubaté, deixou-os com o empregado para tomar um café. Ao voltar, não mais encontrou o empregado nem o dinheiro. Natali foi preso, mas sem dinheiro e alegando inocência. O Conde acreditou que ele não havia roubado, mas estava convencido de que escondia o nome do ladrão. O Conde voltou para a fazenda Pinhal e faleceu dormindo, dias depois. Misteriosamene, um mês após sua morte, o dinheiro foi encontrado na Estação do Norte, em São Paulo, numa trouxa de roupa suja, desfalcado somente em dez contos de réis. Foram coisas da política, diz a tradição familiar.
(reprodução do texto de Margarida Cintra Gordinho, no livro "A Casa do Pinhal").

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Chegam os alemães

imigrantes camponeses alemães
 (só faltou a Luiza, que estava no Canadá)
    Com o movimento abolicionista ganhando uma força cada vez maior no Brasil e a importação de escravos proibida, os fazendeiros precisavam achar alguma outra fonte de mão-de-obra para as grandes lavouras cafeeiras. É assim que se inicia a imigração européia para o trabalho nas lavouras brasileiras.
    Convencidos por uma falsa propaganda que prometia terras fáceis a todos, chegavam em grandes levas, e quase sempre a realidade não correspondia com o que lhes fora prometido.
    Em São Carlos, a primeira leva de imigrantes chegou em 1876, quando por iniciativa do fazendeiro e futuro Conde do Pinhal, Antonio Carlos de Arruda Botelho, cem famílias alemãs foram trazidas para trabalhar em suas fazendas. Era o início de um grande movimento que tomaria proporções maiores a partir de 1880.

sábado, 14 de janeiro de 2012

TRAGÉDIA EM SÃO CARLOS


                São Carlos começava a ganhar ares de cidade quando uma terrível catástrofe se abateu sobre ela. Foi a epidemia de varíola, que no ano de 1875 afastou praticamente toda a população que por aqui residia. Uma grande parte morreu infectada pela doença, e os que não se contaminaram fugiram para outros lugares.
            Ficavam na cidade apenas os infectados, para receberem os primitivos tratamentos, que quase nunca garantiam a vida dos doentes. Muitos ficaram na residência de Jesuino de Arruda, que a doou para este fim, feito que lhe valeu um voto de gratidão da Camara, que segue transcrito, na grafia original:
“Pedio a palavra o vereador Magalhães e disse que era de parecer que a Câmara deve manifestar ao cidadão Jesuino José Soares o quanto lhe hé grata pelo empréstimo que lhe fez da caza que servio de hospital e que por esse ato philantrópico e beneficiente a Câmara lhe dirija hu voto de reconhecimento e gratidão e foi aprovado”.
            Com o tempo a epidemia diminuiu, mas volta, embora em menor intensidade, em 1879. Demoraria cerca de cinco anos para que a cidade se recuperasse totalmente da enorme tragédia.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

DESAPARECIDO!


A História de São Carlos é cheia de "esquecimentos" e "sumiços". Um exemplo típico é um cidadão, provavelmente um dos primeiros habitante brancos da região (habitada anteriormente por índios e, na região da antiga Sesmaria do Quilombo por escravos fugidos).
Deste cidadão a História local conservou apenas um nome, Gregório, que posteriormente passou a ser o nome do córrego que cortava o que antes eram suas terras. Um dos poucos historiadores que se referiram ao Gregório, Cincinato Braga, o fez com os seguintes termos: outrora, quando em 1831 Carlos J. Botelho medira suas Sesmarias, encontrara, habitando à margem do riacho que corta agora a rua S. Carlos, um intruso de nome Gregório de tal.
Qual o motivo de tamanho descaso?
Gregório não tinha a posse legal das terras (muito difícil para os pobres da época), não era de família nobre nem rica. Sendo assim, não foi considerado à altura de pertencer a história da cidade pelos historiadores elitistas da época, que então resolveram simplesmente esquecê-lo.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Escrava envenena sua Senhora

suposta xícara de café envenenada
Vítima de uma conspiração assassina, morreu envenenada sinhá Eudóxia Henriqueta de Oliveira. Não se sabe ao certo a motivação do crime, sabe-se apenas que foi cometido por uma de suas escravas. Eudóxia deixou viúvo Francisco da Cunha Bueno, que mais tarde compraria terras na região do atual município de São Carlos, e colocaria o nome em uma de suas fazendas de "Santa Eudóxia", em homenagem à falecida esposa.
Dessa fazenda originou-se o atual "distrito de Santa Eudóxia".

Jornal Do Passado

O propósito desse blog é fazer algo como um "jornal do passado" de São Carlos e seus distritos. Postarei pequenos textos e notícias curiosas sobre o passado, e espero a contribuição de todos nos comentários.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vamos Lá!

Começamos aqui um novo espaço para a história de São Carlos. Curiosidades, acontecimentos, coisas que nem sempre estão como deveriam estar nos livros...